quinta-feira, 22 de março de 2012

Vontade de me namorar. Narciso despertou-se.Despertar, Narciso. Narciso ser um arisco do meu eu. Vontade de me beijar, me abraçar e tocar nos meus cabelos com um suave cafuné, depois me entrelaçar com Narciso-um espelho embalado nos meus braços- refletindo as minhas imagens de si, mesmo que ao meu bem avesso.

EU,

Jádison Coelho

Só não grite, o espelho não pode quebrar, ao menos neste momento...

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Narciso,
              ruptura d'Eu



Terra firme
Estremeceu.
Ele cansou de si querer, e, apenas:
se comer
se amar
se gostar,
se lamber
se masturbar
se roçar
se olhar
se namorar
se, somente si para bastar.

Fogo!Fogo!
Os outros:
Um Incêndio insolito
Queimou o rosto, quebrou a vidraça dos olhos do rei.
Narciso desencantou.

A gota d'água desce
Desce sobre as pêras
pelas pelagens da táboa de marfim
A Lágrima não é de sal, nem é de água,
doce?
É de vento.
Ventania avessa

Sopraram!!!
Sobraram!!!
O tudo cansou de ser só eu,
Somente eu,
sem tu, você, , ele, ela, eles e quem mais existir,
além de mim, claro,
escuro
agora, atravessado,
jaz.

Morte para mim e para todos que amam.
Droga! Droga de coração, emoção, paixão.
Ão, ão, não aos ãos, rime só:
Solidão.

Hã..Coisa rídicula
Não me reconheço.
Merda, me caguei.
Fedeu!Fedor...

Agora, dualmente vozeado,
Narciso não se vê, o espelho opaqueou.
Narciso se viu,
aliás,
fingiu que se viu num reflexo embaçado pelo tempo.

Narciso
eu?
Narciso
tristeza
Narciso encalhou
Narciso, um barco,
preso em terras "firmes".

Narcisoo...Nariso..cirNa.Narciso..OricNarcisNarcso. Na..ciso..iso. so.
Narciso....

Narciso, porra,
FODA-SE

Jádison Coelho, lamentavelmente.

domingo, 18 de setembro de 2011

        . Uma vida bagunçada é um bom mutivu para uma cachaça. Já que sô caçula, num dispensu um cafuné de taum capenga que sô, futucanu os meu cabelinhu, chegu à cuchilá di pé num dengu que só... eu mermu.  Mas quandu sintu chêru do bolu di fubá, mim adoidu todu e vô fungá lá... nu fugão do brancu. Queru um quituti do brancu, cunversu cum ele, e, ele num mim dá. Mas dêxa de lengalenga, dissi o adevogadu, Pega tua muchila, ô melhor, o mulambu e vai-te embora daqui. Despois muntei uma quitanda, pensei em vendé quituti, mas cumi os acarajé, os abará, a punheta toda. Fiquei cuntenti e fui sambá. Andei zangadu puraí. Todu o mundu pudia ser filiz, menus eu. Xingava tudu quantu era genti. Arretadu subia e discia de sunga, ô mió, de tanga, né! A mulé que nem odara era, quandu via, cum as mão nas cadeira gritava, Unhum, neguinhu tribufú que só, vú! Lá ele!  Mas despois dum xodó, ela tá até cum eu e o Deus. Cum o corpu todu... sambeanu...sua xoxota é minha. E o Toba? Aí já num sei, camará!  (Muxoxos)

Jádison Coelho
- eu mesmo!

sábado, 23 de julho de 2011

Ela, péla, sempre ela. Sempre ela com a sua sandália enfeitada, caminhando pela estrada com seu requebrar de ciganinha faceira. Sabia tudo, seu moço. E sabia! Vinha com um caneco na mão tilintando os vinténs, as pulseiras, os brincos d'ouro, migalhas da vida. Vinha quase pairando com uma rosa no cabelo. Fungava o meu rastro.Rodopiava. Girava. Gargalhava para acordar os seus. Me olhou. Me averiguou. Escapou sorriso pelo canto dos lábios vermelhos daquela moça com cabelo cumprido, tão cumprido quanto a sua sabedoria. Adentrou na minh'alma pelos olhos. Balançou a cabeça. Mirou minha vida. Escondida na voz ritimada, murmurou no meu rosto. Vai, seu moçu, sai daí desse mundinhu. Bataia ...seu moçu, que vai vê virá lua numa ciranda de sangue. Ela, sempre ela, se mandou terra abaixo, no tilintar do sino da capelinha, ia no meio do nada . Um nada. Que nada! Com as mãos nas cadeiras, andava de costas, ria da minha cara como uma mulher vivida. Meia noite, noite meia. A lua ainda não se arredava. Ela saía como uma perdida fugindo da vida. Balançava as saias do seu vestido atiçado. Seu caneco com moedas de prata ritimavam os seus passos corriqueiros. E lá em cima, no alto duma sombra. Ela, péla, sempre ela, se foi ela a me dizer. Sou Daia, me chamam de Dainha. Rosaia eu sô, foge desse lugá, vem cum eu, seu moçu, abre a portêra da cela, má vô girá...E, como um eccoecco, desapareceu a Daia. Me chamam de Daia, Dainha, dia ponga danga didaia, dança, canga sangra giponga! Rosaia.
(Gargalhou uma rosa)

Jádison Coelho

domingo, 5 de junho de 2011

Inconstante Tempo (navegar é preciso)

 Aos meus amigos marcianos,
que possuem uma ferramenta de comunicação muito mais avançada.
        

     
     Cada geração acompanha o seu tempo. Não é costume juvenil escrever uma carta. Uma carta requer tempo, tempo para escrever e para o envio dela. Com a freqüência das necessidades capitalistas, a sociedade passa a andar simultaneamente ao tempo, logo, a internet se torna grande aliada social. Digitou, recortou, colou, enviou. Taí o email. Taí o escarcéu de informação e subitamente o Tempo, repetidamente, tempo.
     Para o século XXI é muito mais coerente se expressar numa rede que mais parece uma teia de aranha, ou melhor, um emaranhado de opiniões, de links muitas vezes fragmentados. Esta rede é uma representação da mente humana, na qual têm que ser organizadas e selecionadas as informações conforme as necessidades do "computador pensante".
     Postar, esta é a palavra da minha Era, que tenta driblar o tempo comercial. Em outra Era, o maior drible estava relacionado ao valor econômico da folha de papel e da tinta, por isso que, em muitos arquivos da antiguidade, as palavras eram abreviadas, mas, hoje, por conta do relógio coercitivo a abreviação ou, melhor dizendo, o Internetês é feito em alguns emails, blogs, orkuts, sites de relacionamento e em outros meios de comunicação.
     Do âmbito das cartas à leitura do texto digital, pouca coisa mudou, mas a mudança é significativa. A distância entre o articulador e o receptor continua imperando, porém os vídeos "mortos" ou ao vivos vão reparando a ausência do outro em curto espaço de tempo, mas em longa malha textual cada vez mais livre.
      Existe um sistema, a adequação ou não a ele é o que contribui para os hábitos em sociedade, é claro, que esses hábitos são mutáveis e a mutação se dá com a coerência das exigências da humanidade. Navegar, hoje, é mais prático. Isso é o óbvio na teia textual do inconstante Tempo.
                                                
                                                                                                                          Jádison Coelho


É...eu disse:
Navegar, hoje, é mais prático.